Rosacea – O que é afinal? / What is it?

O que é a Rosácea, afinal?

A rosácea é um síndrome cutâneo crónico e incurável que se manifesta maioritariamente na zona central do rosto (bochechas, nariz e testa central), caracterizada por remissões e exacerbações repentinas de eritema activo. É considerada a nível clínico como um síndrome que apresenta sinais como vermelhidão, eritema (borbulhinhas que formam uma textura que podem ou não ter líquido), telangectasias (veias ou capilares em forma de “aranha”), edema (acumulação de líquidos), pápulas, pústulas, lesões oculares e rinofima (espessamento descontrolado da pele na região do nariz). É raro existirem casos com todos estes sinais, embora a maioria apresente sempre alguns. Manifesta-se também frequentemente como conjuntivite rosácea que, acreditem, é algo que não se deseja nem ao pior inimigo e é extremamente difícil de diagnosticar e tratar.

A rosácea pode aparecer em homens ou mulheres e, embora possa aparecer em qualquer idade, é mais comum que apareça após os 30 anos. É também mais comum em pessoas com a pele clara (fotótipos I e II, maioritariamente), embora existam casos entre asiáticos e africanos relatados e diagnosticados. É uma doença bastante comum no mundo inteiro.

Mais fácil do que dizer o que é a rosácea, é talvez dizer aquilo que a rosácea não é: a rosácea não é uma doença auto-imune, a rosácea não é uma alergia, a rosácea não é causada por nada que possa ter sido feito à pele porque, na verdade, mais do que uma doença cutânea, é uma doença vascular! O que se passa nesta doença é uma dilatação dos vasos, como em qualquer pessoa saudável, mas que não conseguem contrair de novo, levando a uma inflamação local e à libertação de linfa, formando o edema (inchaço).

Habitualmente, os sintomas agravam imensamente em diferenças térmicas súbitas, tanto de estação como de ambiente. Alegadamente, café e chá agravarão também a síndrome (no meu caso não afecta) e o consumo de álcool tem efeitos definitivamente agravantes. Adicionalmente, caso sofram desta doença, é boa ideia nunca aproximar do rosto objectos ou água demasiado frios ou quentes, incluindo água demasiado quente ou gelo. A fricção também é imensamente desaconselhada durante os períodos de crise. Sabe-se também que a ansiedade tem um papel muito importante na rosácea, apenas não se sabe bem qual nem como se interligam.

Apesar de ser uma doença comum, sabe-se mesmo muito pouco sobre ela, com excepção do que referi acima. O diagnóstico é extremamente difícil por não existirem marcadores e por, nalguns casos, poder ser confundida com acne (que é mal diagnosticado frequentemente nestes casos), até porque o tipo de rosácea que se confunde com a acne apresenta melhoras com a isotretinoína. Pode ainda ser confundida com lupus cutâneo, que ainda assim, venha a rosácea, para ser franca. Assim, o diagnóstico é feito com base na descrição dos sinais e sintomas que o doente descreve ao médico.

Além da vermelhidão característica e que virá à cabeça de qualquer pessoa quando se fala de rosácea, estão também muitas vezes presentes lesões pruriginosas (borbulhas com pus), iguais às da acne comum, mas neste caso trata-se de acne rosácea. A diferença entre ambas é que a secreção (vulgo pus) da acne rosácea é estéril, enquanto a da acne vulgar tem conteúdo bacteriano.

Adicionalmente, a rosácea é agravada por um comensal (em relação simbiótica connosco) que temos na pele que se chama demodex e habita normalmente junto dos folículos pilosos e vive simpaticamente connosco toda a vida sem nos fazer mal nenhum. Na rosácea, a população deste parasita estará alegadamente descontrolada, contribuindo para a manutenção da inflamação constante.

Neste momento, existem alguns subtipos definidos, mas isso é algo que eu própria ainda não percebi a 100% e creio que terá a ver com a “escola” que os classificou, pois já li várias versões. Vou-me ficar pelos factos e pelo que sei com toda a certeza.

Factores que agravam a rosácea:

  • Exposição solar
  • Alguns tipos de comida e bebida
  • Cuidados de pele agressivos (ácidos e produtos abrasivos)
  • Predisposição genética
  • Tempo e temperatura
  • Exercício físico
  • Stress
  • Demodex (comensal)

Quero ainda ressalvar que nada disto é regular e varia de pessoa para pessoa. São inúmeros os casos de uma única crise pontual na vida que foi controlada e nunca mais voltou a ocorrer e existem também tantas outras pessoas em quem o tratamento não resultou.

E em resposta à pergunta mais feita ao google sobre a rosácea: não, a rosácea não tem cura. Não acreditem nos youtubers que dizem que a curaram com óleo de côco e macumbas. Tiveram sorte e foi só isso.

No próximo post iremos falar de tratamentos e cuidados a ter.

4 Comments

  1. avatar

    Tu que sabes mais disto do que eu, explica-me uma coisa que tenho sempre dificulkdades em encontrar consenso (mais relacionado com o post anterior, mas o de ontem li-o no telemóvel). Já li em muitos sítios que couperose é considerada um dos estadios da rosácea (estadio 2 se a memória não me falha). Concordas com isto ou preferes separar completamente as duas?

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    Anónimo says:

    Olá Mia! Não sei se vais abordar isto em algum post deste tema, mas vou já perguntando. A rosácea pode ser despoletada por algum medicamento? Eu comecei a minha puberdade com acne normal, o meu primeiro dermat. receitou-me um gel de limpeza e a partir daí fiquei com uma acne rosácea horrivel que só desapareceu com a isotretinoína. Digo que era acne rosácea pois tinha todos os sintomas que descreveste no outro post. Bochechas muito vermelhas e com borbulhas, testa e queixo muito vermelhos com algumas borbulhas.

    Obrigada ��

    Nídia

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    Não existem propriamente estadios pelo que li, é mais tipos. Na verdade, a coisa não tem propriamente estadios, são mais tipos… Mas como disse, disso não tenho a certeza porque não encontro grande consenso :\

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    Que eu saiba, não. Provavelmente o que me parece é que a acne que tinhas já era rosácea para começar… o que só agravou!

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