A ciência da beleza – Parabenos: moléculas do mal ou bodes expiatórios?

Segundo creio, este terror face aos parabenos advém de toda uma campanha da comunicação social que divulgava estudos em que tinham sido encontrados parabenos em tumores.

Em relação às correlações directas com cancro: toda a gente sabe que fumar causa cancro do pulmão e as pessoas continuam a fumar. Toda a gente sabe que os enchidos e produtos fumados causam cancro do estômago e continuam a ingeri-los, porquê a histeria em relação aos parabenos? Creio que é por ser algo em que se pode culpar terceiros pelos nossos males já que em relação aos outros sabemos os riscos que corremos e escolhemos corre-los.

Assim, face a esta incerteza , as empresas tiveram de se adaptar aos desejos dos consumidores e muitos rótulos passaram a incluir a frase “sem parabenos”.

Agora vem a parte da explicação racional das coisas. O que são parabenos, afinal? São moléculas que são incluídas nas formulações em concentrações que, geralmente, não passam os 2% (mas tudo depende da quantidade de água do produto) e servem para conservar, ou seja, impedir que cresça bicharada dois dias depois de abrirem o vosso creme favorito. Os mais usados são o Propilparabeno, o Metilparabeno e o Etilparabeno e seus sais.

São os conservantes mais seguros, baratos e com eficácia e toxicologia mais conhecidas do mercado, daí serem tão amplamente usados. Mas, nem só na cosmética encontram estes conservantes, estão também presentes nos alimentos e fármacos.

As correlações entre os parabenos aconteceram quando se detectaram elevadas concentrações de parabenos não degradados num tumor mamário. Isto atribuiu-se, na altura ao uso de desodorizantes com este componente. Leiam esta conclusão de um estudo realizado (estudo completo aqui):

Nos diversos artigos disponíveis nos bancos de dados eletrônicos observou-se elevado número de trabalhos que comprovam a ação estrogênica dos parabenos e também artigos relacionados a produtos como alimentos a base de soja, plásticos e medicamentos que também poderiam ter esta ação.
Quando comparados ao hormônio endógeno estradiol, os parabenos são denominados fracos estrogênicos. Dessa forma, alguns autores sugerem que os parabenos por si só não seriam capazes de induzirem o aparecimento de câncer. Também foi verificado que o câncer de mama pode ter outras causas distintas, como por exemplo, genética, e não só estar relacionado com a presença de parabenos.
A presença desses conservantes de forma intacta nos tecidos mamários retirados de pacientes com câncer demonstra que de alguma forma esses parabenos não foram hidrolisados por esterases presentes na pele e trato gastrointestinal. E assim se acumulam em tecidos específicos.
Substituir esses compostos estrogênicos por outros sem essas características está relacionado a mais um cuidado tomado para evitar a exposição excessiva e desnecessária a compostos que mimetizem a ação do estrogênio. Essa idéia de produtos de origem vegetal (claim de naturais) vem ganhando espaço na mídia e perante os consumidores. Entretanto essa medida não garante a diminuição do aparecimento de câncer mamário.

Ou seja, há coisas bem piores que os parabenos, fiquem descansadas e usem os vossos produtos preferidos sem preocupações pois, por agora, ainda não se conseguiu provar nenhuma correlação directa, apenas toxicidade, daí terem limites legais estreitos.