A ciência da beleza – esfoliantes

Com a crescente vontade de toda a gente ter uma pele mais jovem e resplandescente, a industia tem cada vez mais desenvolvido este tipo de produtos. Antigamente apenas existiam os esfoliantes mecânicos mas, com base nos queratolíticos (fármacos), criou-se uma nova geração deste tipo de cosmético melhor e mais suave.

Porque se usa um esfoliante? O estrato córneo da pele (camada superior da epiderme) está em constante descamação para que possa dar lugar às novas células produzidas nos extratos inferiores da pele. No entanto, o turnover celular pode ser afectado por imensos factores como envelhecimento, impurezas e processos oxidativos, que diminuem a taxa de renovação celular e causam um espessamento do estrato córneo, conferindo à pele um aspecto baço e cansado, bem como envelhecido. Para evitar estes pequenos problemas estéticos, existem os esfoliantes.


Outras razões para querer aumentar o turnover celular são a existência de problemas na pele como manchas ou acne, já que queremos remover a camada córnea, onde estão os problemas e, no caso do acne, queremos também neutralizar as bactérias.

Actualmente creio que se pode dividir três classes de esfoliantes: químicos, físicos ou mecânicos e biológicos ou enzimáticos.

Químicos

Os esfoliantes químicos funcionam através da acção de um ácido fraco. Os mais usados cosmeticamente nos últimos tempos teêm sido os Alfa e Beta hidroxiácidos, mais frequentemente designados AHA’s e BHA’s, o ácido glicólico e o ácido láctico. Outros usados mais a nível médico ou para casos mais específicos são a ureia e o ácido acetilsalicílico. No entanto, desencorajo já aqui quem quer que tenha a ideia de desfazer uma aspirina para a colocar na cara porque vai ser uma dose brutal de um queratolítco forte, má ideia e pode correr muito mal, vão por mim.

Estes agentes são usados em concentrações baixas em cremes ou mais elevadas em procedimentos médicos como peelings. 

Pensa-se que os AHA’s estimulam a formação de novas células da pele, aumentando o turnover celular, no entanto, há investigadores que sugerem que afecta mesmo a adesão das células da pele umas às outras, quebrando as ligações devido ao baixo pH destes ácidos. Há ainda quem diga que os AHA actuam mesmo nas camadas inferiores da pele, alterando a adesão dos corneócitos (células da camada córnea). Isto resulta nesta camada inferior da pele mais fina e compacta, bem como mais flexível.

Já os ácidos glicólico e láctico afectam a pele de forma semelhante, embora o ác. lático tenha o benefício acrescido de aumentar os glicosaminoglicanos da pele (hidratantes produzidos pela nossa pele) e as ceramidas (lípidos que formam a barreira de gordura natural e necessária da nossa pele).

Já em relação aos BHA’s e ao ácido salicílico diferem dos AHA’s devido à sua afinidade com os lípidos (gorduras), o que faz com que consigam penetrar na nossa pele e até nos poros com folículos pilosos (particularmente relevante no acne masculino), já os AHA’s têm afinidade para a água, fazendo com que fiquem apenas na camada mais superficial da pele exclusivamente. Comparando uma solução de ácido salicílico a 2% com uma de ác. glicólico a 8%, a de ác. salicílico demonstrou desobstruir muito mais os poros, muito importante para os tratamentos anti-acne, mais uma vez.

No entanto, estes mecanismos ainda não estão bem estudados, isto são apenas pressupostos baseados em estudos. O que se sabe é que a esfoliação melhora a textura da pele, reduz linhas finas e hiperpigmentação e, no caso do ácido láctico, hidratam ainda a pele.

Estes esfoliantes podem ser integrados tanto em serums como em tónicos e tudo o que seja aquoso, com excepção dos que disse que têm afinidade para gorduras, que aparecem geralmente em cremes. Os com afinidade para água também podem ser incluídos em emulsões.

Tive de dividir estes posts em 2 partes senão apanhavam a seca das vossas vidas! Aguardem a segunda parte em breve!